segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Pense em coisas lindas



Quando anoitece no vale encantado,
Fica só um fiozinho de luz vermelha
Lá no horizonte.
E todas as crianças do mundo param pra ver o pôr do sol.
Ah, o Deus das fadas fica tão triste se a gente deixa
De ver o pôr do sol!
A linha vermelha, puxa uma carruagem cheia de estrelas,
Onde está a deusas dos sonhos e seu pó mágico,
Que faz a gente sonhar coisas lindas...
Quando você estiver triste,
pense em coisas lindas:
Balas, travessuras, carinho, carrinho, beijo de mãe,
Brincadeira de queimado, árvore de natal,
Árvore de jabuticaba, céu amarelo, bolas azuis,
Risadas, história de avó...
Quando você estiver triste e achar que a vida não é linda
Pense em coisas lindas.
Mas pense com força,
com muita força,
Porque aí o céu vai ficar cheio de vacas gordas amarelas,
Cachorro bonzinho, bruxa simpática,
Sorvete de chocolate, caramelos e amigos
Vamos pensar só em coisas lindas!
Brincar na chuva, boneca nova, boneca velha, bola grande,
Mar verde, submarino amarelo, fruta molhada, banho de rio,
Guerra de travesseiro, boneco de areia, princesas,
Heróis, cavalos voadores...
Ih! já tá anoitecendo no vale encantado!
Dorme em paz, minha criança querida
Vamos pensar em coisas lindas até amanhecer


(Oswaldo Montenegro)

(texto enviado por Amauri de Oliveira)

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O Galinheiro de Bartolomeu


Bartolomeu cria galinhas desde muito pequeno.
Galinhas brancas e iguais. Tão iguais que nem nomes elas têm.
Bartolomeu também cuida do jardim e um dia escolheu sua cor favorita para pintar o galinheiro.
Enquanto estava pintando, tropeçou numa galinha, que bateu no poleiro, que caiu sobre o ninho, que bateu no balde que despejou tinta sobre os ovos que estavam por perto.
Mamãe galinha levou um susto, mas seguiu chocando seus ovos.
O tempo passou, o ovo rachou, o pintinho nasceu...
Azul. Um pintinho azulzinho. Bartolomeu gostou tanto, que usou várias cores para pintar o galinheiro e nas horas livres, pintava os ovos também.
Ao nascer, os pintinhos, tinham as cores dos ovos.
Ao ver as galinhazinhas assim, todas coloridas, Bartolomeu passou a chamá-las com nomes de flor.
Margarida era amarela e branca, rosa amarela, rosa vermelha e rosa, ora, rosa mesmo.
Quem via de longe, pensava que o galinheiro era um verdadeiro jardim.
Que penas eram pétalas.
Bartolomeu vivia feliz no seu jardim de galinhas. Mas um dia...
Estava anunciado um temporal e Bartolomeu fechou bem portas e janelas.
O vento começou lento e foi crescendo. Aproximando-se do galinheiro. Chegou tão perto e sacudiu tudo. Rompeu trancas, abriu portas e janelas. O telhado foi levado e num instante o céu ficou todo colorido. Com galinhas formando um arco-íris em movimento. Todo barulhento.
O vento passou e foi sacudir outros ares.
Quanto ao Bartolomeu, não ficou triste não, pegou tinta e pincel e saiu pintando o sete por esse mundão.
Ah, se você encontrar uma galinha colorida, pode ser que seja uma daquelas, revoada do jardim do Bartolomeu. Você viu? Não? Nem eu!

Christina Dias, O Galinheiro de Bartolomeu, Editora Nova América

(História enviada por Roberto Isler)

sábado, 11 de outubro de 2008

O Sapo com Medo d'Água


O sapo é esperto. Uma feita o homem agarrou o sapo e levou-o para os filhos brincarem.
Os meninos judiaram dele muito tempo e, quando se fartaram, resolveram matar o sapo.
Como haviam de fazer?
- Vamos jogar o sapo nos espinhos!
- Espinho não fura meu couro - dizia o sapo
- Vamos queimar o sapo!
- Eu no fogo estou em casa!
- Vamos sacudir ele nas pedras!
- Pedra não mata sapo!
- Vamos furar de faca!
- Faca não me atravessa!
- Vamos botar o sapo dentro da lagoa!
Aí o sapo ficou triste e começou a pedir, com voz de choro:
- Me bote no fogo! Me bote no fogo! N'água eu me afogo! N'água eu me afogo!
- Vamos para a lagoa - Gritaram os meninos.
Foram, pegaram o sapo por uma perna e, t'xim bum, rebolaram lá no meio. O sapo mergulhou, veio em cima d'água, gritando, satisfeito:
- Eu sou bicho d'água! Eu sou bicho d'água!
Por isso quando vemos alguém recusar o que mais gosta, dizemos:
- É sapo com medo d'água...

(In: Contos tradicionais do Brasil de Luís da Câmara Cascudo postado por Amauri de Oliveira)