sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

A Menina que caiu no Livro


(Mauro Brandão)

A menina lia um livro.
E de tanto ler, a menina caiu no livro.
E quando a menina caiu, rolou indefinidamente nas páginas.
E quando rolou nas páginas, tropeçou nas palavras.

E em cada palavra que tropeçava, acendia uma luz mágica,
e em cada luz que acendia, iluminava um mundo,
e em cada mundo iluminado, surgia um novo mundo,
e em cada mundo surgido, brotava-se um sonho.

Em cada sonho brotado, floria uma realidade,
e em cada realidade florida, frutificava uma canção,
e em cada canção frutificada, germinava outro grão,
e em cada grão germinado, sorria uma vida.

E em cada vida que sorria, chorava uma mulher,
e cada mulher que chorava, explodia uma paixão,
e em cada paixão explodida, esfarelava-se uma bomba,
e em cada bomba esfarelada, destituía-se um déspota.

Em cada déspota destituído, brilhava uma nova esperança.
Em cada esperança que brilhava, raiava um novo sol.
E em cada sol que raiava, prateava-se uma nova lua,

e em cada lua que prateava-se, uma menina lia um livro...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Porque o Pinheiro é a árvore de Natal


(Lenda folclórica)

Quando o Menino Jesus nasceu, todas as pessoas ficaram alegres. Crianças, homens e mulheres, pobres e ricos vinham vê-lo trazendo presentes.Os animais e plantas também estavam felizes com o nascimento de Jesus.

Perto do estábulo onde dormia o Menino Jesus em um berço de palha, havia três árvores - uma palmeira, uma oliveira e um pinheiro, que viam aquela gente que ia e vinha passando embaixo de seus galhos.

Os reis traziam coisas preciosas. Os pastores traziam frutas e lã de seus carneiros. Um pequeno pastorzinho trouxe um carneirinho bem branco. As três árvores quiseram também dar alguma coisa ao Menino Jesus.

"Eu darei a minha palma maior, a mais bela, para que a Mãe abane docemente o bebê", - disse a palmeira. A oliveira que estava carregada de frutos - as azeitonas- completou : - "E eu oferecerei meus frutos e meu azeite para a Criancinha"!

" E eu? Que posso dar?" - perguntou o pinheiro. - "Você" - responderam as outras. - "Você não tem nada para dar. Suas agulhas pontudas poderiam picar o Menino Jesus." O pobre pinheirinho sentiu-se muito infeliz e respondeu tristemente! - "É mesmo, vocês têm razão, não tenho nada para oferecer. Todos trouxeram presentes para esta Criança: os pastores - lã, leite e até um pequeno carneirinho ! Os reis - ouro , incenso e mirra! Até a palmeira e a oliveira puderam oferecer algo de si, só eu não tenho como alegrar a Criancinha."

Um anjo, que estava ali perto, escutou a conversa e teve pena do pinheiro tão humilde, tão triste que nada podia fazer. Ele disse ao pinheiro: - "Não fique triste enquanto todo mundo está alegre. Vamos ajudar você!"

Lá no céu as estrelinhas começaram a brilhar. O lindo anjinho olhou para o alto e chamou-as. No mesmo instante elas desceram e foram pousando delicadamente nos ramos verdes do modesto pinheirinho que foi se iluminando e ficando cada vez mais bonito.

Todos se admiraram, e se voltaram para ele. 
Lá da manjedoura, dentro do estábulo, os olhinhos do Menino Jesus de encheram de brilho e alegria ao ver aquela árvore tão linda.

E foi assim que o singelo pinheiro se tornou a árvore do Natal, e é por isso que as pessoas, até hoje, enfeitam suas casa com luzes, estrelas e o pinheiro na véspera do Natal.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

O Causo da Mula Morta



Um mineirinho com sérios problemas financeiros vendeu uma mula para outro fazendeiro também mineiro por R$100,00, que concordou em receber a mula no dia seguinte. Entretanto, no dia seguinte ele chegou e disse:
- Cumpadi, ce me discurpa mais a mula morreu.
- Morreu?
– Morreu.
 – Intão me devorve o dinheiro.
 –Ih... já gastei.
– Tudo?
– Tudin.
 – Intão me traiz a mula.
– Morta? – É, uai, ela num morreu?
– Morreu. Mais qui cê vai faze com uma mula morta?
 – Vou rifá.
– Rifá?
– É uai!
- A mula morta? Quem vai querê?
- É só num fala qui ela morreu.
- Intão ta intão.
Um mês depois os dois se encontram e o fazendeiro que vendeu a mula pergunta:
- Ô Cumpadi, e a mula morta?
- Rifei. Vendi 500 biete a 2 real cada . Faturei 998 real.
- Eita! I ninguém recramô?
- Só o homi qui ganhô.
- E o que o cê feiz?

- Devorvi os 2 real pra ele.

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Bruxinha


Trem da Alegria

Ô bruxinha bonitinha
Da vassoura de capim
Me carrega pro espaço
Abra os braços só pra mim...
Ô bruxinha bonitinha
Da vassoura de capim
Me carrega pro espaço
Abra os braços só pra mim...
Quem disse que as bruxas são feias?
Alcéias, meméias e tal
Não sabem que nas luas cheias
Elas mudam o seu visual
E vestem camisas e meias
Que acham lá no meu varal
Depois cantam como as sereias
Fazem festa, alegria geral...
Ô bruxinha bonitinha
Da vassoura de capim
Me carrega pro espaço
Abra os braços só pra mim...
Ô bruxinha bonitinha
Da vassoura de capim
Me carrega pro espaço
Abra os braços só pra mim...
Nós dois lá em cima sozinhos
Varrendo as estrelas do céu
Cá embaixo nossos amiguinhos
Fazendo o maior escarcéu
Os pássaros deixam seus ninhos
Abelhas dão tempo no mel
E assim cantam todos os bichinhos
Viva a bruxa de capa e chapéu!!!
Ô bruxinha bonitinha
Da vassoura de capim
Me carrega pro espaço
Abra os braços só pra mim...

Ô bruxinha bonitinha
Da vassoura de capim
Me carrega pro espaço
Abra os braços só pra mim...

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

A Velha Bruxa





Uma Velha estava sentada num cemitério, costurando um pano preto. Suas agulhas de prata tinham o formato de um leve crescente lunar. Ela usava as tradicionais roupas pretas usadas na velhice. Suas longas tranças grisalhas caiam até os ombros enquanto as mãos hábeis trabalhavam com perícia sua magia sobre o tecido. 

O cemitério estava bem iluminado pelo luar e pelo brilho de uma coroa dourada que repousava sobre uma pedra próxima. Embora estivesse inteiramente concentrada no trabalho que tinha nas mãos, os penetrantes olhos da Velha percebiam tudo o que ocorria ao seu redor. Um homem aproximou-se e ela levantou o olhar, fazendo com que ele se detivesse. 

-Diga-me, você sabe o que é isso que eu costuro? perguntou.

-Sei, a senhora está costurando uma capa - respondeu ele.

-Não - disse a Velha. E desviou o olhar do homem, permitindo que ele prosseguisse seu caminho. Ela retomou ansiosamente seu trabalho.

Na noite seguinte, uma mulher idosa passou pela Velha, que a deteve o olhar.

-Diga-me, a senhora sabe o que é isso que estou costurando? - indagou. A mulher curvou-se e olhou a roupa com atenção.

-Sim, claro. Sei o que está fazendo. Está costurando um véu de luto.

-Não, disse a Velha, e deixou a outra seguir seu caminho.

Na terceira noite, uma mãe com uma criança aproximou-se.

-Diga-me, você sabe o que é isto que estou costurando? – -Perguntou mais uma vez a Velha.

-A criança enrolou-se no tecido e ergueu-o acima de sua cabeça. E disse:

- A senhora esta costurando o céu da meia-noite.

-A Velha respondeu:

- Sim, você acertou - ela estava encantada com a criança - Cada ponto é uma estrela. Quando o céu estiver cheio de estrelas, você saberá que fiz um cobertor para lhe proteger. Olhe, você consegue ver no céu o delicado trabalho que faço com as agulhas. 

-A Velha deu à mãe suas agulhas mágicas em forma de lua crescente e disse: " Você é o dia em que o trabalho estará pronto." A Velha enrolou-se no tecido negro e acrescentou:

-Eu sou a noite em que todos vêm descansar e se preparar para um novo dia. A Velha estendeu o braço para pegar a luminosa coroa dourada e colocou-a sobre a bela cabeça da criança e disse: - E você, filho de um novo dia, é o Sol da Manhã. Os três afastaram-se caminhando, tendo completado o mágico ciclo da vida. 


Texto extraído do livro "O Despertar da Bruxa em Cada Mulher" de Laurie Cabot.

sábado, 9 de abril de 2016

A Porta


Numa terra em guerra havia um rei que causava espanto. Sempre que fazia prisioneiros, não os matava: Levava-os a uma sala onde havia um arqueiro do lado de uma imensa porta de ferro, sobre a qual viam-se gravadas figuras de caveiras cobertas por sangue. Nesta sala ele os fazia enfileirar-se em círculo e dizia-lhes então:
– Vocês podem escolher entre morrer a flechadas por meus arqueiros ou passarem por aquela porta que será trancada logo após sua passagem.
Todos escolhiam serem mortos pelos arqueiros. Ao terminar a guerra, um soldado que por muito tempo servia ao rei se dirigiu ao soberano:
– Senhor, posso lhe fazer uma pergunta?
– Diga soldado.
– O que havia por detrás da assustadora porta?
– Vá e veja você mesmo.
O soldado então, abre vagarosamente a porta e, na medida em que o faz, raios de sol vão adentrando e clareando o ambiente. E, finalmente, ele descobre, surpreso, que a porta se abria sobre um caminho que conduzia à liberdade!!! O soldado, admirado, apenas olha seu rei, que diz:
– Eu dava a eles a escolha, mas preferiram morrer a se arriscar a abrir esta porta. Quantas portas deixamos de abrir pelo medo de arriscar?
Quantas vezes perdemos a Liberdade e morremos por dentro, apenas por sentirmos medo de abrir a porta de nossos sonhos?
Comece agora mesmo a vencer todos os medos que te impedem de sonhar e realizar. Pense nisso!

Autoria desconhecida. Fonte: http://www.motivacaododia.com/2015/04/do-que-voce-tem-medo.html


sexta-feira, 25 de março de 2016

Um Conto de Páscoa

Três irmãos disputavam a mão de uma princesa. Mas o rei declarou que só se casaria com sua filha o pretendente que lhe trouxesse um ramo de folhas de ouro que havia bem no meio da floresta.
 Partiram então os três, cada um por um caminho. O mais velho chegou a uma pedra onde estava um anãozinho. Este o cumprimentou e lhe pediu de comer. O irmão mais velho, porém, respondeu que tinha um longo caminho pela frente e que não podia repartir com ele seu lanche. E foi seguindo até que encontrou uma borboleta muito grande e logo teve vontade de pegá-la. Mas a borboleta foi voando, voando e, assim, atraiu-o a uma clareira onde havia tantas borboletas esvoaçando que o deixaram completamente estonteado. Começou, então a persegui-las com raiva, até que chegou a um lugar cheio de lindas folhagens. Contudo, ali habitavam lagartas negras, e só o que elas faziam era queimar quem se aproximasse. E o irmão mais velho perdeu-se na floresta.
 Com o irmão do meio aconteceu a mesma coisa. O mais moço, porém, dividiu seu lanche com o anãozinho. Este, então, disse-lhe que encontraria uma linda borboleta, mas que não devia segui-la. “Logo acharás outra e essa é que vai levá-lo a um lugar onde habitam muitas borboletas” – disse o anãozinho. “E é lá que vive um coelho encantado”. O irmão mais moço seguiu em tudo o conselho do anão. Não seguiu a primeira borboleta, mais sim a segunda, encontrou a terra das borboletas e o coelho encantado. Este o levou a um jardim oculto onde, entre folhagens raras, ele achou o ramo das folhas de ouro.
 O coelho deu-lhe o ramo de presente e o moço levou-o ao rei, e assim o irmão mais moço casou-se com a princesa.



Autor Desconhecido.

quinta-feira, 17 de março de 2016

A LENDA DO UIRAPURU




Conta a lenda que o Uirapuru, pássaro que vive nas matas da Amazônia, foi originado de uma triste história de amor.
Em uma tribo indígena que habitava o sul do Brasil duas índias se apaixonaram pelo chefe da tribo.
Para ser justo na escolha de sua esposa o cacique resolveu que se casaria com aquela que tivesse a melhor pontaria, e dando a cada uma delas uma arco e flecha, mandou que atirassem em determinado alvo.
Somente uma delas conseguiu acerta o alvo tornando-se, portanto, a esposa do cacique.
A outra índia que errou o alvo chamava-se Oribici, ficou muito triste, chorou muito, inconformada por perder o seu amor. Pediu a Tupã, o Deus indígena, que a transformassem em um pequeno pássaro para que pudesse visitar o seu amado sem ser percebida.
Tupã, penalizado pelo sofrimento da jovem, resolveu fazer a sua vontade e a transformou em um passarinho de cor verde musgo e calda amarelada, para facilitar sua camuflagem na mata, e assim pode Oribici visitar o seu amor, mas quando foi visitá-lo ela percebeu o quanto o índio amava a sua esposa.
Oribici então, para se livrar de seu sofrimento, resolveu abandonar a sua tribo e voou para as matas do norte do Brasil. Vive hoje na floresta Amazônica e o Tupã para consolá-la deu a ela um canto melodiosos.
Quando o Uirapuru começa a cantar todos os outros pássaros se calam para o seu maravilhoso canto.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Vento

      
 
 O vento
 venta
 e invente
 mil maneiras de ventar:

*venta fraco,
*vento forte,
*vento gostoso,
*feito um beijo antes de dormir.

 Se enrola
 feito um gato
 (Ai, que sono!).

 De repente
 acorda
 e roda feito um redemoinho.
  
                                        (Luís Camargo)


(Cata vento e o ventilador, S.Paulo, FTD, 1986).

sábado, 6 de fevereiro de 2016

O COELHINHO E O CABRA CABRÊS



Vou contar pra vocês a historia de um coelhinho, vocês já viram coelho falar? Há mais o meu falava ele era uma gracinha, meu marido fez uma casinha pra ele lá no fundo do quintal e toda manhã ele levantava se espreguiçava que nem gente grande e dizia ai, ai, ai, ai, aí que soninho daí ele ia até meu banheiro trepava na pia pegava uma escovinha de dente e fazia assim, xic, xic, xic, xic, depois penteava sua franguinha assim cic, cic, cic, cic mais era uma belezinha ficava todo engraçadinho, depois ele ia lá na horta pegava uma cenoura bem grandona corria pra casinha e fazia um caldinho de cenoura que tomava assim de canudinho... ai, ai.
Certo dia eu tive que sair bem cedinho e o coelhinho ficou sozinho e foi pegar sua cenourinha e quando ele chegou na porta da casinha dele ele viu um bicho, quer dizer ele viu os olhos do bicho que brilhavam e ele disse assim:
- O seu bicho pode sair daí de dentro quem mora nessa casinha sou eu, o coelhinho.
- Que saí daqui de dentro que nada quem mora aqui agora sou eu o cabra cabrês e vai-se embora senão vou te partir em três.
- O que? Me partir em três? E tchum, saiu correndo de medo.
- E agora o que eu vou fazer? Há, já sei, vou pedir para o seu cachorro, que cachorro é muito bravo... Oh, oh, seu cachorro faça o favor, será que não dá pro senhor tirar aquele bichinho lá da minha casinha e eu te dou um pouquinho do meu caldinho?
- Au, au, au, pode deixar seu coelho, sabe que esse cachorro aqui é muito bravo, vou chegar à porta da sua casa vou fazer meu super au, au e o bicho vai sair correndo e quando ele passar por mim vou dar uma mordida no bumbum dele e ele nunca mais vai te incomodar.
- Isso, isso seu cachorro, pode ir lá e morder o bumbum dele que eu deixo.
E o cachorro todo convencido foi assim, uau, uau, uau, uau, parou na porta da casa do coelhinho e fez aquela coisa que só cachorro sabe fazer:
- É um, é dois e auauauau, auauauau.
Passou um pouquinho e:
- Que auau que nada seu cachorro agora quem está morando na casa do coelhinho e o cabra cabrês e vai se embora daqui senão vou te partir em três.
- O que ele vai me partir em três? Caim, caim, caim.
E o coelhinho:
- Ai e agora o que vou fazer se até o cachorro ficou com medo? Há, já sei por que não pensei nisso antes vou pedir pra quem é o rei da malandragem, hei seu gato, seu gato, faça o favor dá pra você tirar aquele bichinho da minha casinha que eu dou um pouquinho de caldinho de cenoura pro senhor?
- E o gato todo malandro disse, miau, miau, pode deixar seu coelhinho que aqui é o rei da malandragem, vou chegar à porta da sua casa, vou dar o meu super miado de miau, miau que quando esse bicho sair correndo vou dar uma unhada no bumbum dele e nhac, ele nunca mais vai te incomodar.
- Isso, isso mesmo pode ir lá e dar uma unhada no bumbum dele que eu deixo.
E o gato todo malandro foi assim:
- Miau, miau, miau, miau.
Parou na porta da casa do coelhinho e fez aquela coisa que só gato sabe fazer:
- É um, é dois e miau, miau, miau.
Passou um pouquinho e:
- Que miau que nada seu gato, agora quem está morando na casa do coelhinho e o cabra cabrês e vai se embora daqui senão vou te partir em três.
- O que ele vai me partir em três? Miau, miau, miau.
E o coelhinho:
- Ai e agora o que vou fazer se até o gato ficou com medo? Há mais eu sou um coelhinho bobo, só estou chamando bicho pequeno, vou chamar um bicho grande, vou chamar o seu boi, que seu boi tem um chifre grandão e todo mundo tem medo dele.
- O seu boi, o seu boi, faça o favor um pouquinho, será que você poderia me ajudar a tirar aquele bichinho lá de dentro da minha casa, eu dou um pouquinho de caldinho de cenoura pro senhor?
E o boi fez:
- Muuuuu, pode deixar seu coelhinho que você sabe que o boizão aqui é muito forte, vou chegar na porta da sua casa, vou dar meu super mugido, mmmmuuuuuuuoooo e esse bicho vai sair correndo e quando ele passar por mim vou dar uma chifrada no bumbum dele e ele nunca mais vai te incomodar.
- Isso, isso mesmo pode dar uma chifrada no bumbum dele que eu deixo.
E o boi todo convencido foi assim:
- Mommm, mommm, mommm, mommm.
Chegou à porta da casa do coelhinho e fez aquilo que só boi sabe fazer:
- É um, é dois e mmmmuuuuuu, mmmmuuuuuu.
Passou um pouquinho e:
- Que muuuuu que nada seu boi, agora quem está morando na casa do coelhinho e o cabra cabrês e vai se embora daqui senão vou te partir em três.
- O que? Ele vai me partir em três? E saiu correndo.
E o coelhinho ficou desesperado, chorando.
- O que vou fazer se até o boi ficou com medo?
Foi aí que apareceu um mosquitinho, desses bem pequenininho, mais que faz aquele barulhinho bzibzibzi, bzibzibzi e pousou bem no nariz do coelhinho e disse assim:
- O seu coelhinho, eu posso ajudar, eu sou bem pequenininho e posso tirar aquele bicho da sua casinha pra você.
E o coelhinho disse:
- A você não vai conseguir não, o boi não conseguiu, o gato não conseguiu e o cachorro também não. - -- Você acha que com esse tamanhinho você vai conseguir?
- A é ta duvidando, ta achando que tamanho é documento? Eu vou entrar na sua casa e vou por esse bicho pra correr, quer ver?
E lá se foi o mosquitinho voando bem assim:
- Ziiiii, ziiiiii, ziiiii, ziiiii
Quando ele entrou na casa do coelhinho ele viu aquele cabra cabrês com cara de bicho e cara de bucho é uma coisa feia né? Mais o mosquitinho não ficou com medo não, foi voando pra dentro do ouvido do cabra cabrês e quando ele tava lá dentro fez aquele barulho chato que só mosquito e criança pequena sabem fazer, aquela coisa assim, e é um e é dois e bzibzibzi, bzibzibzibzi, o barulhinho que o mosquitinho fazia era tão chato que o cabra cabrês acordou e ficou dando tapa nele mesmo e ai, ai, ai, ai, - Não é possível que mosquito mais chato! E o mosquitinho queria picar o bumbum e o cabra cabrês -Não ai, não e o cabra cabrês saiu que nem louco da casa do coelhinho.
Foi então que o coelhinho pode entrar na casa dele e fazer o caldinho de cenoura e quando o caldinho ficou pronto rapidinho veio o cachorro, uau, uau, uau, uau e tomou um pouquinho, aí veio o gato, miau, miau, miau, miau e tomou um pouquinho e veio o boi uão, uão, uão, uão e tomou um poucão, mais a melhor parte do caldinho ficou para o mosquitinho que provou que tamanho de mosquito e criança pequena não é documento.


Autor: Roberto Carlos Ramos
   Tirado do CD – 15-02-10


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Casa


"Senhor, ajudai-nos a construir a nossa casa
Com janelas de aurora e árvores no quintal
Árvores que na primavera fiquem cobertas de flores
E ao crepúsculo fiquem cinzentas
como a roupa dos pescadores.
O que desejo é apenas uma casa.
Em verdade, não é necessário que seja azul,
nem que tenha cortinas de rendas.
Em verdade, nem é necessário que tenha cortinas.
Quero apenas uma casa em uma rua sem nome.
Sem nome, porém honrada, Senhor. (...)"
Manoel de Barros